5 de dezembro de 2012

Entrevista inédita com Rubens Gióia

Saudações! Orgulhosamente vos apresento um dos conteúdos criados exclusivamente para o nosso blog. Trata-se de uma entrevista inédita com o guitarrista e membro fundado d'ACHAVE DO SOL, o guitarrista Rubens Gióia. Esse papo foi conduzido por mim com uma pauta dupla: o momento atual da banda e curiosidades históricas.
Como minha formação não é em jornalismo, optei em conduzir a pequena entrevista - feita por e-mail - com perguntas bem abertas, que possibilitassem ao interlocutor (Rubens, no caso), discorrer à vontade; ainda sob o risco de se perder o objetividade da réplica. Também não quis perguntas diretas ou "bobinhas" (exemplo, 'o que você está achando do blog), no intento de ir ao ponto do que interessa à todos nós, fãs de Hard Rock. Deixe sua opinião, dúvida ou sugestão no espaço de comentários e ótima leitura!

O CACHORRO QUE CURTIA BLUES, O QUE É E O QUE PASSOU.

por Willba Dissidente*.


Rubens Gióia no Victoria Pub em 1983
Rubens Gióia no Victoria Pub em 1983.


01 . Quando a banda carioca METALMORPHOSE voltou à ativa em 2009, comemorando os 25 de seu primeiro disco, eu conversei – informalmente – com o baixista André Bighinzoli, que me contou sobre os planos do grupo de relançamentos e gravação de material inédito. Ao longo destes 03 anos, muito do que ele me contou realmente aconteceu. Então, eu pergunto, quais são os planos de retorno d ‘ A CHAVE DO SOL? Em boas palavras: o que devemos esperar dessa volta?

Rubens Gióia: A expectativa era grande...mas tanto o Zé hoje no VIOLETA DE OUTONO e o Luiz na banda PEDRA inviabilizam...quase aconteceu, mas como estão trabalhando ativamente não foi possível. Com a aquiescência deles montei uma nova formação, até porque A CHAVE DO SOL é uma franquia minha, criada quando eu tinha 14 anos, e está em estudos...quem sabe em algum momento uma reunião seja possível, nos damos bem.

02 . Cada uma das vezes que A CHAVE DO SOL retornou, você trouxe consigo uma nova formação, sempre com músicos expressivos e experientes em rock pesado. Como foi o processo de seleção do time atual d ‘ A CHAVE DO SOL?

Rubens Gióia: Respeito musical e amizade...basicamente...e respeito à essência da Chave.

Rubens ao vivo no  Clube Sete Praias, em Interlagos (São Paulo), durante o "Outubro Music Festival", 1986.
03 . A CHAVE DO SOL é um grupo que passou por muitas mudanças de estilo dentro do rock pesado, indo da linha do jazz-rock ao hard rock mais comercial, por vezes em músicas com aura de heavy metal; alterando, gradualmente, as composições do português para o inglês. Com que temática, estilo e língua você preferiria compor músicas novas com a banda?

Rubens Gióia: A Chave mais notória, que se pautava pelo perfeito entendimento do Zé, mais jazzista, e o Luiz, um músico completo e eclético...acho que o peso vinha das minhas mãos...

04 . Quando você não quis mais continuar com a banda em 1987, o sucederam guitarristas que se tornaram muito famosos no metal nacional – Eduardo Ardanuy (DR. SIN) e Kiko Loureiro (ANGRA). Estes músicos, entretanto são de outros gêneros musicais de metal, enquanto que você manteve-se no ‘mesmo estilo de som’ na PATRULHA DO ESPAÇO e no YANKEE. Você nunca cogitou fazer um outro estilo de mais aceitação comercial para atingir maior sucesso?

Rubens GióiaNunca entendi arte como comércio, apesar de querer subsistir dela...saí justamente porque A CHAVE DO SOL estava tomando rumos mais mercadológicos que artísticos.


05 . O grupo mineiro HOLOCAUSTO fez um disco, Campo de Extermínio (1987), abordando o nazismo de maneira que há muitos que o acuse de apologia ao regime de exceção. A CHAVE DO SOL possui músicas que tem postura política oposta à citada, denunciando desigualdades sociais e a opressão. Quem assistiu o documentário “Ruido das Minas (2009)” viu o HOLOCAUSTO afirmar que apenas contava uma história da Segunda Guerra Mundial e não apoiava o Reich. E A CHAVE DO SOL, uma música como Sun City somente conta a história da lutas dos negros, ou a banda acreditava na mensagem passada?

Rubens Gióia: No nosso caso acreditávamos e certamente acreditamos...sempre achamos que a arte é uma arma poderosa...temos posições humanísticas e achamos que pudéssemos ser um instrumento de conscientização...não panfletária nem partidária, mas a serviço de levar opinião e esclarecimento...quem foi às nossas gigs no Lira Paulistana viu uma mistura de som, performance, literatura e atitude...creio...

A CHAVE DO SOL clássica, antes da gravação do primeiro compacto. Zé Luis (bateria), Luiz Domingues (baixo) e Rubens Gióia (guitarra).
06 . Conversando com Nivaldo da loja STAND UP, galeria do rock de São Paulo, ele me contou que quando tocava com a banda SUBURBIO (que incluiu o guitarrista Edgar Scandurra) fez um show com A CHAVE DO SOL na Av. Ibirapuera numa casa chamada APonto. Isso ocorreu entre 1978 e 1980, época que o grupo contava com Dedé e Silvio, antes do início oficial da banda em 1982. A CHAVE SOL antes do Luiz Domingues e do Zé Luis era o mesmo grupo? Há alguma estória interessante dessa época que você queria contar ao blog?

Rubens GióiaTá bem informado, hein? Realmente...foi uma das casas mais bacanas que conheci...Aponto...como falei, A CHAVE DO SOL foi um sonho meu de adolescência...nesta busca entrei na SANTA GANGUE e lá conheci estes tipinhos que compraram meu sonho...posso dizer que A PATRULHA DO ESPAÇO, na pessoa do Jr (nota: Rolando Castello Júnior) , foi o Grande padrinho...o conheci neste bar e ele abriu a casa dele pra que eu assistisse ensaios e até emprestar equipamento pra essas gigs no bar...vale ressaltar uma vocalista que tivemos, a Verônica...uma moça de 1.80 modelo loira com a voz da Tina Turner, que eu conheci num bar chamado Deixa Falar, antes be bop alula que lançou MUTANTES e TERÇO...aliás, palco da primeira jam da CHAVE DO SOL mais conhecida...a primeira vez em que tocamos juntos eu, Zé e Luis, compusemos 18h, que seria nosso primeiro “hit”. Além de Scandurra, neste bar eu vi o grande guitarrista Renato Ribeiro e o embrião do ULTRAGE À RIGOR, entre outros... O Aponto bar virou uma segunda casa pra mim...conviver com músicos desse naipe foi determinante...interessante é que havia um São Bernardo, o cão mesmo, que só saía da casinha dele quando se tocava blues...o palco era suspenso e ele se posicionava em baixo e à frente uivando...AUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!...tempos bons, honestos e livres...

Agradecimentos especiais aos amigos Rubens Gióia, pelo tempo e atenção, e ao Luiz Domingues, que cedeu as imagens que ilustram essa matéria.

* Willba Dissidente é fã das bandas de Hard Rock e Metal das décadas de 70 e 80, dois mais variados países. De maneira diletante, ele escreve no site Whiplash, edita vídeos e legenda curtas, longas e média-metragens; além de ter se envolver com eventos de Rock esporadicamente. "Tratamento mainstream ao underground" é seu lema em todos esses hobbies.

2 comentários:

  1. é isso ai,mais um pedaço da história dessa grande banda paulista, caras muito gente boa e que são humildes acima de tudo.
    por isso estão ai sendo lembrados.
    Abraços ao Rubâo e ao Luiz Domingues.

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  2. Saudações Marcos Awake! Tudo bom?
    Obrigado por continuar nos acomapanhado. Espero que esteja gostando do conteúdo do blog. Fique ligado, pois tenho mais material inédito surpreendente para postar. Ah sim, O Rubens e o Luiz rulez!
    Abrxxx!
    *

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